Carlos
Alberto, com os seus trinta anos de idade, está no auge de sua carreira de
advogado. Respeitado na cidade onde mora e trabalha, casado com uma bela esposa
e pai de um lindo casal de filhos. Ele surgiu de uma família católica, onde
sempre respeitaram as virtudes cristãs e os dogmas e tradições da igreja. Ele
sempre acreditou que a vida é um dom de Deus. Já a sua esposa, Ana Paula,
dentista competente e dedicada a família, foi criada por pais discípulos do espiritismo
e das coisas esotéricas. Embora não participe de reuniões e cultos, Ana Paula
aceita que a vida é uma oportunidade para crescimento do espírito.
Certo
dia, o casal e os filhos viajaram para casa dos pais de Carlos Alberto, numa
cidade distante a quatrocentos quilômetros de onde moravam. E, em certo momento
da viagem, aconteceu um grave acidente. O carro que levava toda a família foi
colidido com um caminhão que vinha em sentido contrário. Todos foram socorridos
e levados ao hospital de uma cidade próxima, com ferimentos muito graves.
Carlos Alberto fraturou as pernas e acabou tendo amputar a perna direita; Ana
Paula quebrou a bacia e teve afundamento craniano. Já os filhos... Acabaram
morrendo. Gustavo de dez anos e Ana Letícia de oito anos. Uma tragédia!
Ao
serem informados da morte dos filhos, os pais se desesperaram. Inundaram-se em
choros intermináveis e apenas se acalmaram com a aplicação de sedativos pelas
enfermeiras do hospital. Passaram-se os dias e Carlos Alberto, ainda
transtornado pela perda dos queridos filhos, falou a esposa, que se encontrava
no leito ao seu lado:
“_
Ana, que mundo cruel! Não é justo perdermos duas jóias dessa forma. Por que Deus
nos tirou nossos tesouros?” – E caiu novamente num choro arrasador.
Ana
Paula, apesar de desfigurada pela dor física e transtornada pela angústia da
morte dos filhos, respondeu:
“_
Carlos, nunca mais seremos felizes! Só podemos estar pagando um carma de
gerações passadas. Por que que tinha que ser com eles? Por que não fomos
nós? - E ela se afundou na sua dor.
Meus
caros, essa pequena história resume a efemeridade da vida e sutileza da morte.
Vivemos por um fio! Quem nunca escutou essa expressão?! Ou então: “Para morrer,
basta estar vivo!” Através das religiões encontramos respostas para essas
indagações sobre a morte. Escutamos: “Existe vida depois da morte!”, “Você
morre, mas voltará em outro corpo.”, “A morte é apenas uma travessia.”, “Depois
da morte, você ficará no purgatório.”, dentre outras explicações e colocações.
Mas,
a verdade é que ninguém está preparado para a morte. Nascemos, crescemos,
vivemos e até envelhecemos esperando dias melhores. E o único prêmio certo que
receberemos no final é a morte. Seja você uma pessoa boa ou má, rica ou pobre,
nova ou velha, feia ou bonita, branca ou negra, morrerá de qualquer jeito.
Muitos
lutam para garantir a vida e zelam por ela, enquanto que outros lutam para
destruí-la. Muitos fazem caridade e boas ações como gratidão ao dom da vida,
enquanto que outros roubam, matam e praticam absurdos, revoltados com a sorte
em suas vidas.
Como
eu sou católico e acredito no que ela nos transmite, deixo para vocês um
pensamento: “Se Deus criou a vida e a morte, estou tranquilo, porque as duas
são importantes.”